No começo da semana, o dólar comercial abriu em queda frente ao real e cai mais de 1%, abaixo de R$ 5,30, acompanhando o cenário externo mais positivo para os ativos globais reagindo às notícias de redução nos números de casos confirmados e de mortes em decorrência do novo coronavírus em alguns países da Europa e em Nova York, nos Estados Unidos. Os sinais de arrefecimento do coronavírus eleva o otimismo do mercado no início de uma semana encurtada com feriados nesta segunda e na sexta, 10, na China, no mercado doméstico e em boa parte do mundo.

 

Com a alta constante no dólar, as vendas da safra de café 2020/21 estão adiantadas e chegaram a 40% em algumas regiões do país, de acordo com levantamento da consultoria Safras & Mercado. No ciclo anterior, o índice de comercialização estava próximo a 25% neste mesmo período. De acordo com a consultoria, há contratos para entrega em setembro sendo negociados a R$ 570 a saca de 60 quilos, ou seja, um dos patamares de preço mais altos dos últimos meses.

 

A recente disparada do dólar trouxe inúmeras oportunidades para os produtores brasileiros com exportações que registraram, para a soja, por exemplo, preços historicamente altos, com indicativos acima dos R$ 100,00 por saca. No milho, levaram as cotações a superarem os R$ 60,00 e no café, os R$ 600,00 por saca, entre outros bons resultados para outros mercados nacionais. Todavia, a desvalorização do real deverá encarecer de forma considerável os custos de produção para a próxima temporada brasileira e o movimento traz um grande alerta aos produtores. Em contrapartida, já é possível registrar vendas antecipadas de soja e milho da safra 2020/21 em níveis recordes, bem acima dos anos anteriores frente aos bons patamares de preços para ambos os cultivos.

 

Os preços do trigo pelo Brasil saltaram cerca de 16,5% nos últimos 30 dias, segundo informou a T&F Consultoria Agroeconômica. De acordo com a T&F, esse aumento foi o dobro para os trigos importados, porque o dólar subiu 33% só neste ano. “A boa notícia da semana é que,finalmente, a Abitrigo pediu ao governo para aumentar a cota de importação de trigo sem TEC de países de fora do Mercosul, uma vez que a Argentina não terá condições de atender à demanda brasileira para o que ainda resta deste ano comercial. Mas, ainda não há uma resposta oficial. A necessidade estaria ao redor de 2,25 milhões de toneladas, contra as atuais 750 mil tons já liberadas”.

 

As solicitações feitas pelo Ministério da Agricultura na última semana para ajudar o agronegócio com os impactos do coronavírus e seca no Rio Grande do Sul seguem em avaliação no Ministério da Economia. De acordo com o  presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira, tanto o ministro Paulo Guedes quanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já deram sinais positivos para os pedidos feitos pela ministra Tereza Cristina. Porém, as equipes econômicas continuam trabalhando no planejamento do pacote econômico. Técnicos avaliam espaços no orçamento e utilização de recursos do Tesouro Nacional para, só então, levar o pacote para avaliação do Conselho Monetário Nacional.

 

Se existe uma informação no qual todo o produtor de soja deve ficar atento é sobre a relação de troca do grão pelo insumo. Afinal, com base nisso, são definidos os custos de produção e a perspectiva de necessidade do preço futuro, para se conseguir a famosa rentabilidade. Em Mato Grosso (em fevereiro) o preço da soja caiu, ao mesmo tempo que o valor do principal insumo subiu. Ainda assim a relação de troca é compensadora, afirma o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

 

Os preços futuros de milho na Bolsa de Chicago (CBOT) podem cair para o menor nível em mais de uma década, à medida que a queda do consumo de gasolina por causa do coronavírus pressiona também o etanol e resulta em menor demanda pelo grão. Nos Estados Unidos, o biocombustível é feito principalmente com milho e o setor consome mais de um terço da safra doméstica.

 

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), comemorou a sanção da MP do Agro, realizada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira, 7. Ele destacou que a medida vem num bom momento, em que o endividamento do setor agropecuário está muito alto. A medida é considerada um ‘divisor de águas’ do crédito rural. Dados do Banco Central mostram que a inadimplência dos produtores rurais no país com financiamento não pagos há mais de 90 dias para nove atividades somou R$ 3,4 bilhões ou 1,34% dos R$ 254 bilhões concedidos pelo sistema financeiro em 2018.

 

Os preços do café arábica subiram com força em março, e as altas têm se mantido neste início de abril, mas em menor intensidade. Segundo colaboradores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os aumentos são reflexo da demanda aquecida e de preocupações com a oferta. Em março, a média do indicador Cepea/Esalq do café tipo 6, bebida dura para melhor, posto na capital paulista, foi de R$ 556,28 a saca de 60 quilos, avanço de R$ 74,31 por saca (15,4%) em relação à de fevereiro. Mesmo com o fechamento de cafeterias e restaurantes, a demanda por café segue firme na maior parte dos países consumidores inclusive no Brasil, devido à estocagem de produtos e ao fato de que as pessoas passaram a consumir mais café dentro dos próprios lares. Esse cenário, por sua vez, tem estimulado compradores a adiantar seus pedidos, aumentando a demanda nos portos.

 

A pandemia de COVID-19 enfrentada pelo mundo não afetou o andamento da safra brasileira. Com isso, a estimativa brasileira da produção de grãos passou de 251,9 milhões de toneladas para 251,8 milhões de toneladas. A queda total foi de cerca de 100 mil toneladas, mantendo ainda níveis recordes de colheita, como indicado pelo 7º Levantamento da Safra divulgado nesta quinta-feira, 9, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este volume deve ser registrado em uma área total cultivada de 65,1 milhões de hectares, crescimento de 2,9% ou 1,85 milhão de hectares. De acordo com a companhia, a soja e o milho são os produtos que impulsionam o bom resultado.

 

De acordo com Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou, em média, 829,52 mil toneladas de soja em grão por dia na primeira semana de abril. O volume diário embarcado aumentou 56,7% na comparação com a média de março deste ano e foi 85,2% maior que o exportado diariamente em abril de 2019.

 

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Fonte: Atomic Agro