No começo da semana, foi observado que, dentro do percentual médio dos últimos 5 anos, o plantio da segunda safra de milho no Brasil atingiu 33% de área. Entretanto, no Sul do país, há um atraso no cultivo do grão que preocupa os produtores da região. No  ano passado, no Paraná, a semeadura estava em 47% nessa época do ano, enquanto em 2020 chegou apenas a 14%.

 

A notícia de que o preço da soja bateu os R$ 100 no porto de Rio Grande e quebrou recordes causou alvoroço nesta semana. Segundo a consultoria Safras & Mercado, essa alta no mercado doméstico foi impulsionada não só pela valorização do dólar, que bateu R$ 5,20, mas também por três altas seguidas das cotações na Bolsa de Chicago, todas acima de 1%.

 

O Brasil comercializou cerca de 12 milhões de toneladas de soja nas últimas semanas, sendo que mais de 60% da safra 2019/2020 foi vendida pelos agricultores, disseram fontes ouvidas pela Agricensus. De acordo com a T&F Consultoria Agroeconômica, as indicações são de que a maior parte da safra pode ser vendida antes dos meses de junho e julho, já que os agricultores aproveitam a baixa recorde da moeda brasileira.

 

A Argentina vem tendo um de seus piores inícios de colheita da soja dos últimos anos, sentindo a combinação da pressão de uma quebra na safra em função de adversidades climáticas, aumento das retenciones sobre a soja e agora os efeitos da pandemia do coronavírus. E não só o período é difícil para os produtores, mas para toda a indústria do complexo soja. O país é, afinal, o maior exportador mundial de farelo e óleo e agora vê sua competitividade cair ainda mais diante das limitações logísticas que as medidas de contenção do vírus estão impondo. O governo federal determinou uma quarentena geral até o final de março em todo território argentino para evitar a disseminação ainda mais rápida do coronavírus, ao passo que as processadoras buscam manter suas operações de produção e distribuição dos derivados.

 

A Sociedade Rural Brasileira (SRB) enviou uma carta à Presidência da República, ministros e governadores pedindo medidas para que um eventual desabastecimento nas cidades seja evitado durante a pandemia do coronavírus. No documento, a entidade classifica como ‘imprescindível’ manter a estrutura logística de estradas e ferrovias funcionando para o livre trânsito de produtos agrícolas e trabalhadores, sob risco de falta de alimentos, combustíveis e medicamentos em tempo recorde.

 

Os pesquisadores da Embrapa Soja têm recebido diversos relatos sobre o elevado índice de sementes de soja esverdeadas – superiores a 50% – na safra 2019/2020, em diversas regiões brasileiras. “As sementes com coloração intensa de verde ou mesmo esverdeadas, geralmente apresentam elevados índices de deterioração, que podem levar a redução da germinação, do vigor e da viabilidade de lotes de soja”, alerta o pesquisador José de Barros França Neto.

 

O município de Canarana (MT) publicou decreto que suspende o escoamento de grãos para fora da cidade, uma medida para conter a disseminação do coronavírus mas que poderia interromper o fluxo de mercadorias e operações de tradings globais que atuam no região. A determinação, de 22 de março, impede a movimentação de grãos por armazéns da cidade mato-grossense, no estado que é o maior produtor brasileiro de soja e milho.

 

Embora as perspectivas apontem para uma recuperação chinesa, o avanço do vírus no resto do mundo indica grande desaceleração global, com vários países fechando fronteiras e adotando medidas de confinamento para suas populações. De acordo com o grupo, por mais que as commodities agropecuárias tenham uma maior resistência num cenário de mudança na demanda, uma vez que são alimento, os possíveis impactos precisam ser monitorados, tanto no mercado internacional, quando internamente.

 

Com os preços do milho em alta no mercado interno, os agricultores aceleraram a comercialização da safra 2019/2020. Em Mato Grosso, até a primeira semana de março, 73,4% do cereal esperado na segunda safra no ciclo atual foi comercializado para entrega futura, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O ritmo de comercialização está 20,5 e 20,9 pontos percentuais acima do observado na safra anterior e na média dos últimos cinco anos, respectivamente.

 

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Fonte: Atomic Agro