O prejuízo nas lavouras de ciclo precoce já começou a ser calculado, enquanto sojicultores torcem para que as de ciclo mais longo se recuperem.

 

Em Mato Grosso 99% das lavouras de soja já foram plantadas, mas as chuvas irregulares podem comprometer a produtividade da safra. Em algumas regiões a estiagem provocou replantio, atrasos na semeadura, prejuízos e preocupação aos agricultores.

Na fazenda em que Jacinto Amorim Neto trabalha como gerente, em Diamantino, o cenário é desolador. Em um mesmo talhão, plantas com dificuldades de emergir dividem espaço com outras  que se desenvolvem mal por falta de umidade no solo. O tempo seco já dura quase um mês por lá, aliado a temperatura acima dos 40ºC.

 

“Tem soja com 30 dias que já era para ter fechado as linhas, mas não consegue, não está crescendo. Na esperança que fosse chover chegamos a replantar e isso não aconteceu. Plantei e morreu, replantei e morreu de novo. Agora é esperar o resultado na colheita e se preparar né? Porque coisa boa não vai dar aqui, o prejuízo será grande”, diz o gerente.

 

A irregularidade das chuvas e as manchas são tão pontuais que, curiosamente, na sede da fazenda chegou a acumular chuvas de até 150 mm em um mês, enquanto nas lavouras, há alguns metros dali, não choveu nada.

A falta de chuvas também é a grande preocupação de outro agricultor, não muito distante dali. O agricultor Rodrigo Konageski plantou 9,7 hectares e já calcula o tamanho do prejuízo nas áreas mais afetadas pela estiagem.

 

“Na soja de ciclo mais precoce, devo perder até 20 sacos por hectare. Já nas de ciclo maior, a planta tem mais chance de se recuperar e acredito que a perda seja menor, o potencial delas era acima dos 70 sacos por hectare, inicialmente”, diz Konageski.

 

O presidente do Sindicato Rural de Diamantino, José Cazzeta, conta que há lotes em que metade da área recebeu chuvas e a outra, não.

 

“De cada dez produtores, quase metade está passando pela mesma situação. Ou seja, em um lote de 100 hectares pode chover, mas em outros 50 hectares não. Pessoas que fizeram o replantio correm o risco de quase perder o retrabalho também, um fenômeno que ninguém conhecia. Era para estar bem melhor, plantado em uma palhada forte de milheto e grama e, ainda assim, perdi dois, três até quatro pé por metro, por falta de chuva. Com a genética que a gente plantou era para ser uma área com até 60 sacos por hectare, mas será um milagre se colher 50 sacos”, comenta Cazzeta.

 

O desempenho das lavouras no estado está sendo acompanhado pela Associação Dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). “Temos que deixar rodar essa safra e ver, porque todo ano tem algum problema. Este ano, em relação ao último, está sendo mais complicado durante o período do plantio”, destaca o presidente da entidade, Antônio Galvan.

 

Fonte: Canal Rural