Depois de muita expectativa, a chuva chegou de forma mais intensa em algumas regiões de Mato Grosso. Segundo boletim semanal do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, o plantio de soja da safra 2020/2021 no estado chegou a quase 25% da área prevista. Mas o índice ainda está bem abaixo dos 64,5% que já havia sido semeado no ano passado.

 

Só na última semana as máquinas entraram em campo na propriedade do Robson Weber, localizada em Paranatinga (MT). Até por isso que apenas 10% dos 1.350 hectares foram cultivados. Nesta mesma época do ano passado, o agricultor já tinha semeado 40% da área de soja.

 

“A primeira chuva boa que tivemos aqui na fazenda foi na quinta-feira (dia 22) que deu 59 milímetros. Com isso, estamos com um acumulado aproximadamente 80 milímetros. Na sexta-feira já iniciamos o plantio. Acredito que vai continuar chovendo, a previsão diz isso. Mas estava chovendo bastante manchado, agora estamos confiantes que o tempo vai normalizar”, diz Weber.

 

Com a janela da segunda safra comprometida, o agricultor Cléverson Bertamoni decidiu arriscar o cultivo no pó mesmo. Na fazenda em São José do Rio Claro, a chuva ainda não chegou da maneira que era esperada.

 

“Não conseguimos avançar no cultivo, a terra está extremamente seca. Estamos plantando alguma coisa, plantando no escuro, esperando a chuva. Mas o céu está azul, sem uma nuvem sequer. Todos sabem que a janela ideal para o plantio do milho está ficando curta. Estamos no fim do mês e o plantio está extremamente atrasado”, diz.

 

Nesta safra, as lavouras de soja devem ocupar mais de 10 milhões de hectares em Mato Grosso. Mas o ritmo de plantio no estado ritmo é bem inferior à média dos últimos cinco anos, que é de 48,7%. A lentidão preocupa e deve pesar no bolso dos agricultores.

 

“Ainda não dá para avaliar o quanto teremos de replantio. Mas em algumas áreas já é certo. Os produtores arriscaram a plantar sem umidade, esperando as previsões climáticas e elas não ocorreram, A partir de agora vamos verificar o que será replantado. Parte da nossa safrinha já está comprometida, assim como parte da produtividade média da soja. É totalmente incerta a situação das lavouras do médio norte de Mato Grosso”, diz o engenheiro agrônomo, Naildo Lopes.

 

Além dos custos adicionais e dos impactos na segunda safra, outra preocupação é com os contratos antecipados. Especialmente aqueles com vencimento para janeiro.

 

“A maioria dos produtores já estão se posicionando que não terão grãos para entregar em janeiro, por conta desse atraso no plantio. As trades, por si, já estão se posicionando pedindo para esperar até janeiro para ver o que elas irão fazer de fato. A nossa preocupação, como produtor, é a questão da multa contratual que é extremamente salgada. Mas a gente vai resolver isso de uma maneira amigável, acredito. Não só o produtor precisa da empresa, a empresa também precisa do produtor”, diz a agricultora Giovana Velke.

Fonte: Canal Rural