O diretor do departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pedro Loyola, afirma que prorrogar o zoneamento agrícola é expor o produtor a mais perdas.

 

O diretor do departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pedro Loyola, excluiu nesta segunda-feira, 13, a possibilidade da pasta ampliar o zoneamento agrícola do Rio Grande do Sul. Além desse tema, o governo gaúcho pede a reserva de uma cota extra para o seguro agrícola. A ideia foi exposta pelo secretário adjunto de Agricultura do Rio Grande do Sul S, Luiz Fernando Rodriguez.

 

Loyola explicou que o zoneamento agrícola é estabelecido com base em estudos científicos. “O zoneamento é um mitigamento. Ele indica riscos de 20%,30%,40% de possibilidade de perda. Ou seja, produtor que planta dentro do zoneamento tem uma probabilidade de sucesso que varia de 60% a 80%”, afirma.

 

Segundo ele, a partir do momento em que o governo altera a data de zoneamento e dá um período maior de plantio, o ministério estaria indicando riscos maiores. “E isso não é desejável. Porque esse produtor provavelmente vai plantar e poderá ter um problema climático lá na frente de geada, seca, chuva excessiva, em que ele acaba perdendo essa produção”, afirma.

 

O diretor do ministério da Agricultura ainda explicou que o estudo de zoneamento agrícola contra riscos climáticos leva, pelo menos, 15 meses para ser concluído. No processo, são feitas análises de viabilidade de estudo, orçamento, pesquisa em campo, modelagem e validação de estudos. Um novo zoneamento agrícola, se pedido agora, apenas estaria pronto para a safra 2021/2022.

Loyola relembrou ainda o caso ocorrido no Paraná em 2011. Em fevereiro daquele ano, o ministério autorizou a prorrogação do zoneamento de milho safrinha em 20 dias. Com as chuvas e os dias frios no meses seguintes, os grãos não tiveram bom desenvolvimento e o estado colheu 11% a menos do que o esperado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 

Seguro agrícola

O governo também não deve aplicar uma ‘cota extra’ ao seguro agrícola pago aos produtores. De acordo com a Conab, dos 791,4 mil hectares de milho plantados no Rio Grande do Sul, 50% possuem seguro ou proteção através do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro).

 

Na soja, dos 5,9 milhões de hectares plantados, 41% contam com proteção contra riscos climáticos. Dados levantados pelo ministério junto aos bancos fornecedores de crédito rural mostram que mais de 90% dos agricultores que contratam financiamentos se vinculam a operação de mitigação, comportamento que não se repete entre quem opera fora do sistema de crédito rural.

“Nós precisamos desenvolver políticas principalmente para quem está fora do crédito rural. No ano passado o governo aplicou R$ 440 milhões no seguro rural em apoio aos produtores. Então, o governo paga uma parte da taxa que o produtor precisa para contratar essa apólice. Para esse ano de 2020, a meta do governo é R$ 1 bilhão. Mais do que dobra! Isso faz com que, no Brasil, nós tenhamos cerca de sete milhões de hectares segurados. Para 2020, nós pretendemos atingir 18 milhões de hectares com seguro”, antecipa o diretor.

 

Loyola ainda sugeriu que o Rio Grande do Sul pode abrir essa ‘cota extra’ solicitada ao governo. “Os governos de estado também podem apoiar. São Paulo e Paraná tem programa de subvenção estadual que ajuda a complementar o apoio do governo federal para que esse produtor possa contratar o seguro”.

 

Em 2019, o Rio Grande do Sul utilizou 20,4% (R$ 89,94 milhões) do valor destinado ao Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR). O estado ficou atrás apenas do Paraná em utilização do recurso.

Fonte: Canal Rural