De produto secundário, coadjuvante da soja, com baixa remuneração, o milho vem se credenciando como protagonista no cenário agropecuário do Centro-Oeste. A demanda externa pelo grão, com recorde na exportação no ano passado, e o aquecimento do mercado de carnes, que é o principal consumidor do insumo, vêm ajudando na alta de preços da commodity agrícola. No entanto, mais um sério concorrente pelo grão desponta na região, garantindo, pelo menos por enquanto, a firmeza de preços: as usinas de etanol de milho, instaladas sobretudo em Mato Grosso.

 

O impasse sobre a constitucionalidade do tabelamento do frete rodoviário tem provocado efeitos negativos para o setor produtivo, consumidores e caminhoneiros. De acordo com Evaristo Pinheiro, o preço do frete no Brasil já era caro antes do tabelamento que agravou mais a situação. É um custo, na sua opinião, que prejudica a atividade econômica do agro e de outros setores, reduz a demanda por frete e gera mais desemprego, além de provocar novas ações na justiça.

 

“Nesse momento, o mercado está emocional. O mercado perdeu a racionalidade e o que acontece é um efeito cascata. Diante disso, a orientação é que o produtor rural faça a trava da compra do insumo, o hedge, porque não sabemos até onde vai essa escalada do dólar. Essa alta está atrelada a uma situação de risco do mercado”, comenta. Segundo ele, há a possibilidade de a moeda norte-americana chegar a R$ 5 ou R$ 6. O especialista acredita que o ideal é que o agricultor não espere por preços maiores e venda também parte da soja.

 

A alta do dólar vem compensando as quedas dos preços da soja no mercado internacional. Porém, esperar novas valorizações no câmbio pode ser bastante arriscado, alerta o economista Miguel Daoud. “A oleaginosa pode ter uma queda bem mais forte e chegar a US$ 6,60 por bushel. Isso é uma análise técnica, com grande probabilidade de acontecer”, diz. O comentarista aconselha o produtor rural a não ser ganancioso neste momento.

 

Há algum tempo, o etanol já é um dos combustíveis mais utilizados no mundo e, a cada ano, o produto ganha mais espaço como uma importante alternativa aos derivados do petróleo. No Brasil, boa parte da produção de etanol vem da cana-de-açúcar mas será que uma nova cultivar de milho pode ampliar ainda mais o uso do grão na produção de bioenergia?. Uma variedade de milho que já faz sucesso nos Estados Unidos e tem conquistado tanto produtores de etanol como pecuaristas pela sua capacidade energética. O segredo deste novo milho é a uma enzima que acelera a transformação de carboidratos da planta em etanol. No milho comum, essa enzima teria que ser adicionada de forma líquida durante o processo de produção do combustível.

 

A produção de grãos no Brasil novamente supera as previsões de boa safra, como mostram os resultados do sexto levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com estimativa de 251,9 milhões de toneladas, com variação de 4,1% sobre a safra passada e ganho de 9,9 milhões de toneladas. De acordo com órgão, as condições climáticas vêm favorecendo as lavouras de grãos nas principais regiões produtoras do Brasil. A perspectiva é que os níveis de produtividade apresentem bom desempenho nesta temporada, sobretudo para as lavouras de soja e milho que impulsionam o volume total e devem garantir mais um recorde na safra de grãos do país. Para as lavouras de soja está reservada uma área 2,6% maior, com expectativa de boa produtividade. A produção estimada é de 124,2 milhões de toneladas e um acréscimo de 8%. A produção total do milho de primeira e segunda safras é de mais de 100 milhões de toneladas, com um crescimento de 0,4% acima da safra passada.

 

A Caixa disponibilizou R$ 5,2 bilhões para o pré-custeio da safra 2020/2021. Os recursos têm como destino as culturas da soja, milho, algodão, arroz, feijão, mandioca e café, podendo contemplar, ainda, culturas específicas das regiões do país. De acordo com o banco, os produtores rurais enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) poderão contar com taxas a partir de 3,9% ao ano. Os demais produtores pessoas físicas e jurídicas poderão contar com taxas partindo de 4,9% ao ano. Já as agroindústrias e cooperativas terão disponíveis taxas a partir de 3,9% ao ano.

 

A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia revisou sua expectativa para o crescimento da economia brasileira em 2020. A nova projeção é de uma alta de 2,1% no Produto Interno Bruto (PIB) este ano ante 2,4%. A nova previsão foi anunciada em um momento de incerteza sobre o desempenho da atividade econômica diante do avanço do novo coronavírus.

 

O coronavírus continua avançando e pressionando os países a tomarem medidas emergenciais para contê-lo, entre elas o cancelamento de eventos, como feiras agropecuárias. De acordo com Benedito Rosa, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, isso afeta diretamente os produtores. “São nesses episódios em que são feitos novos contatos e firmados acordos de exportação”, diz. 

No Brasil, as principais feiras agropecuárias continuam marcadas. Mas caso sejam canceladas, Benedito Rosa também acredita em reflexos negativos na agroindústria, ainda que menos intensos.

 

A demanda chinesa pela soja brasileira enfraqueceu por margens mais fracas, com os esmagadores prestando mais atenção na Argentina, segundo a T&F Consultoria Agroeconômica. De acordo com uma fonte da T&F, os esmagadores estão procurando lotes com 10 centavos abaixo dos preços oferecidos.

 

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Fonte: Atomic Agro