Foto: Ivan Bueno/APPA

 

Uma nova alta do dólar motivou ganhos nos preços da soja em algumas praças de comercialização do país nesta quarta-feira (10). Tangará da Serra e e Campo Novo do Parecis, em Mato Grosso, subiram mais de 1% para encerrarem o dia com R$ 87,00 e R$ 86,00 por saca, respectivamente. Amambai, Mato Grosso do Sul, teve alta de 1,11% para R$ 91,00 e em Castro, no Paraná, o preço foi a R$ 102,00 com alta de 2%.

 

No entanto, para os indicativos da soja nos portos brasileiros, foi mais um dia de pressão sobre as cotações, mesmo com a alta da moeda americana e da estabilidade das cotações da soja na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa terminaram o dia com pequenos ganhos de pouco mais de 1 ponto nas posições mais negociadas, com o mercado cauteloso à espera dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

 

Em Paranaguá, a soja disponível fechou com R$ 101,00 e para fevereiro/21 R$ 97,00, com perdas de 0,98% e 10,2%, respectivamente. Já em Rio Grande, R$ 99,30 e R$ 96,50, com baixas de 0,70% e 1,03%. Em Santos, queda de 0,94% no disponível para R$ 105,00 por saca.

 

O mercado nacional segue bastante regionalizado, o que justifica os ganhos pontuais no interior do Brasil. E com os portos em queda, o ritmo dos negócios segue bem mais baixo do que o registrado nos últimos meses. O que ainda oferece suporte aos indicativos são os prêmios.

 

“Os prêmios no Brasil seguem em alta. O produtor brasileiro permanece ausente, deixando o mercado sem oferta. No entanto, já olham vendas para o próximo ano em dólares por saca”, explicam os analistas de mercado da Agrinvest Commodities.

 

A ausência dos sojicultores para novos negócios também se justifica pelo elevado índice da soja brasileira 2019/20 já comercializado. “O Brasil tem somente 13% da sua safra para fazer semente, atender o esmagamento e o restante da demanda interna”, explica Fernando Pimentel, consultor de mercado da Agrosecurity Consultoria.

 

“A comercialização da safra 2019/20 de soja no Brasil atingiu 87,5% da produção esperada até 5 de junho, avanço de quase sete pontos percentuais ante o último relatório, com 106,80 milhões de toneladas, muito acima do recorde de 2016 de 76,8%, com produtores aproveitando bons negócios. A média dos últimos cinco anos é de 69,5% e em 2019 os negócios atingiam de 69,7% da produção”, informou a Consultoria DATAGRO, nesta quarta-feira.

 

A estabilidade verificada na Bolsa de Chicago veio, como tradicionalmente acontece, às vésperas do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA que serão reportados nesta quinta-feira (11), às 13h (Brasília).

 

“As novas estimativas de oferta e demanda do USDA para junho podem apresentar poucas mudanças. Mas, com preocupações menos intensas sobre o coronavírus e algumas áreas de seco em regiões produtoras de trigo, pode haver alguns ajustes altistas. De outro lado, as exportações de soja podem ser revisadas para baixo”, explica Todd Hultman, analista de mercado líder do portal americano DTN The Progressive Farmer.

 

A produção de soja dos EUA, segundo as expectativas do mercado, pode ser estimada superando o registrado em maio e ficando em 113 milhões de toneladas, como mostra a média das expectativas do mercado. O intervalo é de 112,26 a 116,81 milhões de toneladas, e há um mês a safra americana foi projetada em 112,26 milhões.

 

Para os estoques finais de soja dos EUA da safra 2019/20, o mercado estima algo entre 13,53 e 17,15 milhões de toneladas, com média de 15,89 milhões. Já os estoques finais da safra nova de soja dos EUA são esperados entre 10,75 e 18,62 milhões de toneladas, com média das expectativas em 12,49 milhões.

 

O mercado espera ainda que a safra de soja do Brasil seja revisada de 124 para 123 milhões de toneladas, na média das expectativas do mercado, que variam entre 120,9 e 125 milhões de toneladas. Para a Argentina, os números oscilam entre 50 e 51,2 milhões de toneladas, com média de 50,8 milhões de toneladas. Em maio, este número veio em 50 milhões.

 

Assim, à espera dos novos números e também de notícias sobre a demanda da China nos EUA – que nesta semana ainda não foram oficialmente confirmadas – o mercado segue sem espaço para oscilações mais intensas e abrangentes. Da mesma forma, acompanha a boa caminhada da nova safra americana, que segue contando com boas condições de clima e o plantio se encaminhando para sua fase final.

Fonte: Notícias Agrícolas