A colheita da soja da safra 2019/2020 praticamente terminou no estado, aponta levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Até o momento 99,9% das lavouras foram colhidas. Na semana anterior, o índice era de 99,83%. No mesmo período do ano passado, o índice era de 99,92%. Mas não é isso que está chamando a atenção no estado e sim a velocidade de comercialização da safra 2020/2021.

 

Agora em abril, o estado já negociou impressionantes 30,2% de sua próxima safra, que começará a ser semeada apenas em setembro, após o fim do vazio sanitário e com a ajuda do clima. O número informado surpreende ainda mais quando o comparamos com as safras anteriores.

 

De fato, Mato Grosso nunca negociou tanto da safra que nem foi plantada, tão antecipadamente, ainda em abril na história. Aliás, das últimas cinco safras, em duas nada havia sido vendido em abril e nas outras três o percentual não passava de 9%.

 

Em 2015, as primeiras vendas rolaram apenas em junho. Já em 2017, as primeiras vendas da safra que não tinha sido plantada começaram em maio. Mas vamos pegar o exemplo de 2019, que em abril as vendas antecipadas da safra somavam 8,2% apenas e só chegariam nos patamares acima dos 30% em setembro. Em 2018 os patamares acima de 30% foram atingidos em outubro e em 2017 e 2016 em novembro, apenas.

 

Segundo o Imea, o motivo está ligado a boa produção do estado, alta do dólar que deixa a soja brasileira competitiva e a relação de troca por insumos, que ainda está atraente.

 

“Apesar de o acordo comercial entre os EUA e a China já estar em vigor, o país asiático continua com uma preferência pela soja brasileira. O motivo disso está atrelado à boa produção que o país está tendo, aliada à desvalorização do real, que deixa a soja daqui mais competitiva no mercado internacional, num momento em que a demanda chinesa está mais forte. Além disso, a relação de troca por insumos está rentável ao produtor e, com isso, muitos sojicultores aproveitam a oportunidade para garantir seu custo de produção para a próxima safra.”

Riscos e oportunidades

Uma das dúvidas era justamente se esta antecipação ultra rápida poderia trazer riscos aos produtores. Segundo o analista de mercado da Safras, Luiz Fernando Gutierrez essa antecipação só traz oportunidades e benefícios.

 

“Os benefícios são muitos, os produtores já travaram seus custos, conseguiram uma troca boa e vantajosa e aproveitaram preços que duvido que estarão nesses patamares. Não vejo muitas chances de dar problemas nessa antecipação. O que podemos ver de riscos é se o preços lá em 2021 ficarem mais altos que agora, ou se ocorrer uma quebra de safra igual ao Rio Grande do Sul, com os produtores não tendo como arcar com os contratos. Seria uma catástrofe, mas pode acontecer”, diz.

Fonte: Canal Rural