Foto: Ivan Bueno/ APPA

Ganho de competitividade dos portos da região e do Nordeste já abre boas oportunidades para as tradings

 

Em meio à forte recuperação dos embarques brasileiros de milho após a quebra da safrinha no ano passado, os portos localizados nas regiões Norte e Nordeste estão ganhando espaço no escoamento do grão, da mesma forma como vem ocorrendo com as vendas de soja do país ao exterior.

 

De acordo com dados da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), de janeiro a outubro deste ano o volume total embarcado alcançou 33,4 milhões de toneladas, 123% mais que em igual período de 2018 (15 milhões), e pelo Norte/Nordeste saíram 10,6 milhões de toneladas, um aumento de 163%.

 

Assim, os terminais situados em São Luís/Itaqui (MA), Itacoatiara (AM), Barcarena (PA), Santarém (PA) e Santana (AM), foram as portas de saída de quase 32% do volume total de milho que deixou o país nos dez primeiros meses de 2019. De janeiro a outubro do ano passado, a fatia foi pouco superior a 27%.

 

Conforme números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo Ministério da Agricultura, de janeiro a setembro, quando as exportações brasileiras de milho totalizaram 29 milhões de toneladas (pouco mais que o registrado pela Anec, por causa de metodologias diferentes) a receita equivalente chegou a US$ 5 bilhões, quase 135% mais que nos nove primeiros meses de 2018 – no caso dos embarques de soja e derivados (farelo e óleo), carro-chefe da balança do agronegócio do país, foram US$ 26,2 bilhões de janeiro a setembro, 22% a menos.

 

Segundo grandes tradings que lideram as exportações de milho do país, a tendência nesse mercado também é de crescimento cada vez maior do movimento pelo Norte/Nordeste, até porque a maior parte do volume vendido vem das safras de inverno de regiões de Cerrado situadas “de Mato Grosso para cima”, plantadas após finalizada a colheita de soja.

 

E, graças aos ganhos logísticos obtidos com a maior utilização dos terminais da região em detrimento dos localizados no Centro-Sul, surgem oportunidades até para vendas de milho a clientes nos EUA, país que lidera as exportações mundiais da commodity.

 

Neste ano, o primeiro embarque de milho brasileiro ao mercado dos EUA foi realizado pela americana Cargill. Do Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, operado pela Vale, adjacente ao porto de Itaqui, no Maranhão, partiu no navio MV Qing Hua Shan, no dia 25 de setembro, uma carga de pouco mais de 53 mil toneladas embarcadas pela subsidiária brasileira da múlti.

 

De acordo com a empresa, as vendas brasileiras são muito competitivas para a Costa Leste dos EUA, e grande parte desse volume foi originado no sul do Maranhão, principalmente na região de Balsas, onde a produção de milho safrinha tem crescido em torno de 10% nos últimos anos. “Além disso, as movimentações no Terminal de Ponta da Madeira tem crescido fortemente nos últimos anos, de 500 mil toneladas de milho na safra 2012/13 para 2,5 milhões este ano”, destacou a companhia.

 

A Cargill disputa a liderança das exportações brasileiras de milho e neste ano prevê exportar mais de 6,5 milhões de toneladas, o que será um recorde para a empresa. No país, a empresa escoa as exportações sobretudo pelos portos de Ponta da Madeira, Santarém, Santos e Paranaguá, e o cereal é destinado sobretudo a clientes no México, na Colômbia, na Europa, na África e na Ásia.

 

 

Fonte: Valor