O climatologista Luiz Carlos Molion explicou as atuais condições do tempo no Brasil. Produtores rurais vêm enfrentando irregularidades de chuvas nos últimos meses, sobretudo na parte mais baixa do país onde os volumes são ainda mais baixos. De acordo com o especialista, apesar de vários modelos indicarem a atuação de um La Niña, vários fatores essenciais para essa caracterização ainda não se confirmaram.

 

Molion explica detalhadamente os fatores técnicos. Segundo a explicação, de fato as temperaturas da região Niño e Niño 3.4 estão ligeiramente negativas. “Mas isso não é suficiente para afirmar que haverá um evento La Niña e qual a sua intensidade”, afirma Molion.

 

Ainda existem outras variáveis meteorológicas não estão de acordo com as condições de um La Niña clássico. Segundo Molion, “o vento não está forte, soprando da costa da América do Sul em direção ao Pacífico Central (Leste para o Oeste)”. Afirma ainda que o índice de oscilação – que uma medida da diferença de pressão atmosférica entre o Pacífico Central e o Norte da Austrália – está em torno de 4 quando deveria estar, e persistir, acima de 7. Por último, Molion destaca que o fluxo da radiação infravermelha perdida para o espaço deveria estar maior do que o observado.

 

Para explicar o cenário atual que o produtor vem enfrentando no campo, Molion destaca que as chuvas seguem irregulares devido a outro sistema que está com atuação mais evidente neste ano.

 

O especialista destaca que Brasil poderá ver um restabelecimento nas chuvas a partir do dia 20 de novembro, inclusive para região sul do Brasil onde a seca tem sido mais intensa nos últimos meses. “Como as frentes já começaram a chegar na região equatorial no meio de outubro, é provável que depois do dia 20 de novembro já comece a regularizar”, explica.

 

Descartando as chances de um La Niña, Molion afirma que a preocupação maior é com as chuvas entre o final de janeiro e fevereiro, onde o sistema que resulta em baixa pressão deve voltar a deixar parte do país com chuvas irregulares, semelhante ao cenário observado neste momento. “Vai reduzir as chuvas significativamente, pelo menos 20 ou 25%, crendo eu que o mês de fevereiro seria o mais crítico”, comenta.

 

As previsões do climatologista mostram ainda que o retorno das chuvas deve acontecer também para boa parte do país. “Se as frentes pararem de entrar até a nossa região equatorial a alta pressão se restabelece e as frentes vão se deslocar mais devagar”, comenta.

Fonte: Notícias Agrícolas