Vendas de máquinas agrícolas recuaram em julho
As vendas de máquinas agrícolas contrariaram as expectativas e recuaram 17,2% no mercado doméstico em julho ante ao mesmo mês do ano passado e 9,4% em relação ao mês anterior, para 3.924 unidades. Os dados foram divulgados ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Segundo a entidade, a retração refletiu a falta de recursos nas linhas de crédito oficiais destinadas a pequenos e médios produtores nos meses que antecederam a entrada em vigor do novo Plano Safra. “Houve uma pequena demora na liberação do crédito, mas o principal motivo é que durante quase 90 dias não tivemos recursos para essas linhas de crédito. Tratores com menos de 50 cavalos de potência são mais de metade do nosso mercado, então isso trouxe um impacto muito grande”, disse Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Anfavea.
Segundo ele, também pesou para a queda das vendas o cenário adverso no segmento sucroalcooleiro. “Eu, particularmente, não esperava essa queda, mas podemos entendê-la por causa da soma desses fatores”, disse, acrescentando na equação o elevado volume de vendas que antecedeu a entrada em vigor dos novos limites para emissão de poluentes para motores de máquinas agrícolas no começo deste ano. “Talvez, esses fatores tenham adiado compras que se esperava para este mês ou, com medo de que faltasse subsídio, os produtores compraram mais no primeiro semestre e segurem um pouco no segundo”, afirmou.
No começo de agosto, tanto AGCO quanto CNH Industrial reduziram suas perspectivas para a venda de máquinas para 2019 na América Latina. A previsão da Anfavea é de um crescimento de 10,9% para o mercado brasileiro. No ano passado, foram vendidas 47,7 mil unidades. “Não sei se (as empresas) estão subestimando o mercado. Talvez a gente termine o ano com um resultado não tão positivo, mas não tem nada que indique que o mercado vá nesse sentido, pelo contrário.”
Para ele, o ritmo de vendas será retomado nos próximos meses, principalmente pelas oportunidades geradas pela interrupção das compras de produtos agrícolas americanos pela China. “A China vai entrar a todo vapor (na compra de grãos) e os produtores levarão isso em conta ao planejar aquisições de máquinas”.
O posicionamento chinês também deve estimular as exportações de grãos da Argentina, o que favorece as exportações de máquinas agrícolas brasileiras ao país vizinho. No mês passado, as exportações de máquinas agrícolas cresceram 60,1% ante junho e 18,1% na comparação com julho do ano anterior, para 1.438 unidades. “A demanda, especialmente tratores, foi puxada pelo México, Chile e Peru”.
Conforme Miguel Neto, o aumento expressivo de 40,2% na produção em julho ante junho, para 6.194 unidades, foi para atender a essa demanda externa. Ante ao mesmo mês do ano passado, porém, a retração é de 8,1%, mesmo percentual de recuo no acumulado do ano ante igual período de 2018.