O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou ontem (1) que pretende estender as tarifas a praticamente todas as importações chinesas, agravando um conflito comercial que agora ameaça afetar o bolso do consumidor americano.

 

As novas tarifas entrarão em vigor em 1º de setembro e cobrem US$ 300 bilhões em produtos chineses, incluindo smartphones, roupas, brinquedos e outros bens de consumo. Elas se somam às tarifas já impostas sobre US$ 250 bilhões em importações da China.

 

“Se eles não querem mais fazer comércio conosco, tudo bem para mim”, disse Trump. “Até que haja um acordo, vamos taxá-los.” O anúncio jogou um balde de água fria nas esperanças de encerramento de uma disputa comercial que já dura um ano.

 

Os mercados foram sacudidos pela notícia. Os preços das ações caíram bastante, eliminando ganhos anteriores. O petróleo também teve forte queda. O barril do Brent, referência global, caiu 7%, para US$ 60,50. O WTI, referência americana, caiu 7,9%, para US$ 53,95 o barril, na maior queda desde fevereiro de 2015.

 

As novas tarifas são mais uma manobra de Trump para pressionar o lado chinês, na esperança de obter concessões que ajudem as empresas e produtores agrícolas dos EUA. Ameaças anteriores de tarifas adicionais foram adiadas, mas três rodadas acabaram se concretizando. Economistas dizem que o conflito comercial está prejudicando investimentos e afetando o crescimento nos dois países.

 

Muitos parlamentares, republicanos e democratas, vêm apoiando a tática de Trump de confrontar Pequim, avaliando que ela é necessária para se conseguir mudanças estruturais na economia chinesa.

 

Ainda assim, a nova rodada de tarifas, caso seja mesmo adotada, deverá gerar mais reclamações dos consumidores e eleitores.

 

O governo Trump parece querer aliviar as preocupações dos consumidores e das empresas, começando com tarifas de apenas 10%, uma medida que também dará às autoridades americanas espaço para aumentar essa sobretaxa no futuro se a China não fizer concessões.

 

Ao mesmo tempo, produtores rurais americanos vêm sofrendo cada vez mais com a retaliação da China e de outros países punidos comercialmente pelo governo Trump. Os produtos agrícolas também estão em desvantagem no Japão, que abriu seus mercados para outros países na Parceria Trans-Pacífico, um acordo comercial do qual Trump retirou os EUA.

 

Fonte: Valor