Trigo: Indústria prevê moagem estável este ano
A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) espera que a moagem de trigo no País fique estável em 2021, após crescer 1% no último ano. “A moagem deve continuar mais ou menos no nível de 2020, entre 12,6 milhões de toneladas e 12,7 milhões de toneladas”, disse o presidente executivo da entidade, diplomata Rubens Barbosa. Na avaliação dele, a pequena redução esperada no consumo de farinha de trigo deve ser compensada pelo maior consumo de farelo de trigo, o que deve manter a moagem em patamar próximo ao do ano passado.
“No primeiro trimestre, houve uma queda no consumo de farinha de trigo, mas o consumo de farelo de trigo aumentou e está indo muito bem”, diz. Ele acrescentou que a demanda por farinha, contudo, pode melhorar com a retomada do auxílio emergencial, que começou a ser pago pelo governo federal no início do mês. “Com a queda de renda per capita, se o consumo se mantiver é muito bom, mas esperamos pequena recuperação da economia”, observa Barbosa.
Em 2020, foram moídas 12,70 milhões de toneladas de trigo, que corresponderam a 9,5 milhões de toneladas de farinha de trigo, segundo levantamento da Abitrigo, antecipado pela reportagem. O volume de trigo moído foi 1% superior ao de 2019, de 12,58 milhões de toneladas. “O consumo de farinhas não tem variado muito nos últimos anos. No começo da pandemia, tivemos queda na demanda de bares e restaurantes, mas subiu o consumo nos supermercados, com as famílias comprando farinhas para fazer bolos e pães nos lares”, avalia Barbosa.
A produção nacional do cereal contribuiu com a metade do total de trigo utilizado pela indústria moageira, de 6,4 milhões de toneladas. Para complementar a necessidade de abastecimento, foram importados 6,3 milhões de toneladas do produto. Os dados, segundo a entidade, se baseiam em informações fornecidas pelos associados da entidade, sindicatos das indústrias do trigo e publicações oficiais das empresas. Os números englobam a moagem feita pelas 156 fábricas moageiras que operam no País atualmente.
A região Norte/Nordeste liderou a moagem nacional em 2020 com 3,62 milhões de toneladas do volume total processado pelo País. Na sequência, o Paraná processou 3,60 milhões de toneladas, o Rio Grande do Sul moeu 1,95 milhões de toneladas e Santa Catarina, 547,2 mil toneladas. A região Sul concentra 65% das plantas em operação no Brasil. Em 2020, o volume moído respondeu por 70,6% da capacidade instalada da indústria moageira, de 13,67 milhões de toneladas.
A média de extração dos moinhos ficou em 75%. O índice mede o porcentual de farinha obtido sobre o trigo processado. Segundo a entidade, no ano passado 47% do volume total de farinha de trigo fabricada foi destinado à panificação e pré-misturas; 18% foi para massas; 12% para biscoitos; 19% foi enviado para o varejo e 4,5% para destinos variados.
Preços – A Abitrigo destaca no levantamento que no ano passado o preço do trigo nacional aumentou 54%, enquanto o custo para adquirir o cereal importado subiu 50,1%. Do aumento do trigo importado, explica a Abitrigo, 17% devem-se à valorização do cereal no mercado internacional e 29,1% à variação cambial. “Por outro lado, os preços das farinhas não acompanharam a evolução dos custos do trigo e evoluíram 33,3%, em 2020. Os moinhos seguem pressionados, pois o custo de produção segue elevado e o repasse ao produto final, a farinha de trigo, ainda não é suficiente”, ressalta a entidade.
Fonte: Broadcast