Colheita bastante atrasada, risco de geadas, quebra de 20% na safra e estoques menores são alguns dos temas em destaque.

 

A colheita da soja já começou nos Estados Unidos, mas está bastante atrasada (como previsto) em relação ao ano passado e na comparação com a média histórica. A condição das lavouras melhorou um pouco, mas o retardo nos trabalhos de campo pode gerar problemas, já que há previsão de geadas neste mês de outubro no país. Para completar o cenário, os estoques menores do grão, divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), também deve ficar no radar dos produtores rurais brasileiros.

 

 

Colheita

Nos Estados Unidos, a falta de chuva atrasou o início dos trabalhos de semeadura e, agora, a colheita naturalmente se encontra em ritmo inferior ao normal. Até a segunda-feira, 30, apenas 7% da soja foi recolhida, ante 22% em 2018 e 20% da média dos últimos cinco anos.

 

 

Condição das lavouras

Segundo o USDA, até 30 de setembro, 55% das lavouras de soja estavam entre boas e excelentes condições, 32% em situação regular e 13% em condições entre ruins e muito ruins. Na semana anterior, os índices eram de 54%, 33% e 13%, respectivamente. O mercado esperava que 54% das lavouras estivessem em boas a excelentes condições.

 

 

Geadas na colheita

As lavouras de soja e milho dos Estados Unidos podem ser atingidas por geadas em outubro. A previsão do tempo indica que áreas mais ao norte do cinturão agrícola do país devem ser impactadas.

 

“Entra em ação uma massa de ar frio que pode atingir o norte dos EUA”, diz a meteorologista Desirée Brandt. Segundo ela, é possível que as temperaturas cheguem a 3ºC e pegue o norte de Illinois em dias próximos de 10 de outubro.

 

 

Compras da China

Desde que anunciou uma breve trégua na guerra comercial, os Estados Unidos viram as vendas de soja para a China acelerarem. Em duas semanas, os asiáticos compraram mais de 1,6 milhão de toneladas do grão norte-americano.

 

O mercado espera que até o fim do ano os números possam chegar a 5 milhões de toneladas. E, ao que tudo indica, é bem possível isso acontecer, ainda mais que rumores apontam que os chineses já negociaram a aquisição de outras 2 milhões de toneladas.

 

Para o diretor da ARC Mercosul, Matheus Pereira, a China pode comprar até 5 milhões de toneladas de soja dos Estados Unidos entre novembro e dezembro.

 

Pereira acredita que o Brasil não sentirá impactos negativos com isso. “Eu não diria que essas compras irão tirar as vendas do Brasil, até porque os embarques acontecem em um período que os estoques brasileiros estarão apertados. A situação só deve ficar ruim para o país caso a guerra comercial acabe, porque aí, com maior oferta global, os prêmios pagos cairiam”, finaliza.

 

 

Estoques menores

Os estoques trimestrais de soja em grão dos Estados Unidos, na posição 1º de setembro, totalizaram 24,8 milhões de toneladas, conforme relatório do USDA. O volume estocado subiu 108% na comparação com igual período de 2018.

 

O número ficou abaixo da expectativa do mercado, de 26,6 milhões de toneladas. Do total, 7,21 milhões de toneladas estão armazenados com os produtores, com ganho de 162%. Os estoques fora das fazendas somam 17,6 milhões de toneladas, com alta de 92%.

 

 

Menor safra

Em relatório de oferta e demanda da soja de setembro, o USDA indicou que o país irá colher na safra 2019/2020 apenas 98,8 milhões de toneladas de soja, quase 20% menos que a safra anterior. O mercado esperava uma projeção de 97,7 milhões de toneladas. Em agosto a perspectiva era de 100,1 milhões de toneladas.

 

 

Fonte: Canal Rural