Produtor vê soja morrer com estiagem depois de perder trigo para geada
A Aprosoja do Paraná recomenda que os agricultores esperem a chegada das chuvas antes de optarem pelo replantio; entenda a situação
As sementes de soja estão morrendo por falta de chuva. Desde que o produtor Nelson Del Galo plantou, três semanas atrás, choveu apenas três milímetros em Cascavel (PR), oeste do Paraná. Ele estima que 30 hectares estejam comprometidos. Ao lado, os 25 hectares de milho primeira safra não crescem. Para piorar, nem a safra de inverno deu lucro, porque o trigo foi atingido pela geada.
“Você sabe que vai gastar muito para ter um bom retorno, mas, às vezes, não dá esse retorno. Não tem o que fazer, o jeito é se conformar e esperar pelo clima para voltar a tentar plantar”, lamenta o agricultor.
O presidente do Sindicato Rural de Cascavel, Paulo Orso, conta que o caso de Del Galo não é exceção. Segundo ele, 60,7% da área já deveria ter sido plantada, mas apenas 35% foi cultivada. “Desse percentual, tem muita gente que está perdendo, em média, 20%. Temos produtores que já perderam praticamente todo o plantio”, diz.
Na propriedade de Eloize Macoris Colombo, o plantio até começou, mas precisou ser interrompido. “A estiagem já está afetando a produtividade da safra de soja. Isso, mais para frente, vai acarretar também em prejuízo no plantio do milho safrinha [segunda safra], principalmente porque a janela da soja já foi atrasada”, diz a produtora.
Em Toledo, na mesma região, a seca também está provocando estragos. “Muitas áreas não foram plantadas ainda, e as que foram terão problemas e precisarão de replantio”, afirma o presidente do sindicato rural local, Nelson Paludo.
A orientação da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Paraná (Aprosoja-PR) é que os agricultores aguardem as chuvas para depois avaliar a necessidade de replantio. “Ele não pode fazer o replantio sem a umidade adequada, porque pode perder novamente”, afirma o presidente da entidade, Márcio Bonesi.