A entidade recomenda plantar o milho ainda em fevereiro ou apostar em plantas de cobertura, principalmente a braquiária, e nos cereais de inverno.

 

A colheita da soja em Mato Grosso do Sul deve se estender até meados de março. Com isso, a área plantada com milho na segunda safra pode ser impactada, já que o zoneamento climático previsto pelo Ministério da Agricultura recomenda a semeadura até o dia 10 do mesmo mês.

 

“Os preços do milho estão bem atrativos, em algumas situações passam de R$ 40 a saca, mas o apelo do preço não pode ser o único motivo para estimular a tomada de decisão sobre o cultivo do cereal”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Soja do estado (Aprosoja/MS), André Dobashi.

 

Segundo ele, o ministério analisou a possibilidade de mudar o zoneamento agrícola para o plantio do milho segunda safra, mas chegou à conclusão de que não haverá alterações, uma vez que os riscos são muito altos. “A Embrapa divulgou uma previsão meteorológica, com antecipação de geada, mas como produtor, precisamos lembrar que não é só a estiagem ou a geada que prejudicam a produtividade do milho safrinha. Luminosidade, temperatura ao longo do dia e vários outros fatores determinam o zoneamento, que nos permite o plantio até o dia 10 de março”, completa o presidente.

 

A associação destaca que os produtores devem aproveitar que a soja está começando a ser colhida e semear o milho ao longo de fevereiro. De acordo com a Aprosoja/MS, o risco de uma semeadura tardia pode acarretar em prejuízos de alto nível.

O que fazer?

A entidade  aponta alternativas para os agricultores que não pretendem arriscar ou que estarão fora da janela de zoneamento. “Uma das recomendações é analisar as áreas onde os produtores têm problema de produtividade, com falta de matéria orgânica e fazer o cultivo de plantas de cobertura. O produtor pode entrar em contato com as fundações de pesquisa estaduais como a Fundação Chapadão e Fundação MS, para entender quais são as melhores plantas de cobertura para cada situação”, aponta Dobashi.

 

Entre as recomendações para aqueles que não vão se dedicar ao cultivo de milho, a brachiaria está entre as mais conhecidas. Ela pode tanto ser consorciada com o milho segunda safra, quanto cultivada solteira, gerando resultado para o recondicionamento do solo. A versatilidade dela ainda permite incluir o componente bovino, fazendo a integração lavoura-pecuária, que confere uma grande margem ao produtor.

 

O consórcio de plantas de cobertura também são apontadas como alternativas, principalmente quando se trata de leguminosas, fixadoras de nitrogênio compactante, como crotalária, que acarreta na supressão de nematoides no solo. “Também recomendamos o trigo mourisco, feijão guandu entre outras plantas de cobertura que podem trazer benefícios muito grandes ao produtor, em termos de qualidade de solo.”

 

Culturas de inverno

Para regiões mais frias, como Ponta Porã, Aral Moreira e Antônio João, o cultivo de cereais de inverno podem ser solução, como trigo e aveia.

 

Já o sorgo, bastante cultivado na região Norte, é mais explorado para alimentação animal, e tem também valor muito atrativo. O preço pago é inferior ao milho, mas os custos também são. “Essas são algumas das alternativas, mas sugerimos que o produtor sempre procure assistência técnica ou as Fundações de pesquisa, para tirar as dúvidas sobre essa segunda safra”, recomenda o presidente da Aprosoja/MS.

 

“Embora esteja com uma janela de milho safrinha bem apertada, o plantio da soja também foi feito de maneira muito rápida, quando tivemos a oportunidade. Então, temos sim a chance de plantar bastante área de milho safrinha. Também não podemos descuidar dos protocolos de sanidade para que a cultura esteja bem sadia e consiga bater mais um recorde de safra, tanto soja, quanto de milho”, finaliza Dobashi.

Fonte: Canal Rural