Investidores preferem aguardar concretização das compras

 

O fechamento do mercado da soja desta terça-feira (24) foi de leves altas, ficando em US$ 8,94 (+ 1,75) para novembro/19 e US$ 9,19 (+ 2) para março/20. A manutenção das reações da commodity ocorre em um momento em que a China dá novos sinais de reaproximação dos EUA, liberando importação da soja americana sem tarifas retaliatórias. Para Luiz Fernando Gutierrez Roque, analista da Safras & Mercado, o mercado ainda procura estabilidade nas negociações entre EUA e China para que as reações da soja sejam maiores.

 

A volta da demanda chinesa aos EUA tem fortalecido as cotações em Chicago nos últimos dias, mas de acordo com o analista, o clima no país norte-americano é o que atrai a atenção dos investidores, ainda mais na expectativa da colheita da safra.  “A China possui outras opções além dos Estados Unidos para comprar soja, então os rumores de novas compras precisam ser concretizadas”, disse Luiz Fernando.

 

Apesar de trazer sinais positivos em Chicago, os avanços das negociações entre os dois países têm reflexo nos prêmios no Brasil. Sem as tarifas, a soja americana fica mais barata que a brasileira, mas segundo o analista, ainda há espaço para que o produtor brasileiro consiga aproveitar o mercado. Ele alerta que uma possível trégua pode fazer com que o dólar caia frente ao real, isso faz com que os preços praticados atualmente sejam atrativos para o mercado interno brasileiro.

 

No porto de Paranaguá, a soja disponível foi negociada a R$ 86/saca e os contratos para março/20 foram negociados a R$ 85,00.

 

A operadora de commodities estatal chinesa Cofco planeja continuar investindo no Brasil no futuro próximo, após ter atingido uma posição significativa no mercado local, mas será muito seletiva na escolha de seus próximos alvos.

 

A Cofco comercializa grãos, oleaginosas, açúcar, café e algodão no Brasil, onde mantém a maior parte de seus 36 armazéns na América Latina, além de oito plantas de processamento de alimentos e dez terminais portuários.

 

“É uma empresa que tem robustez financeira, tem capacidade de investimento… que vai fazer investimentos para materializar o crescimento que ela projetou (para o Brasil)”, disse à Reuters o managing director da divisão de grãos e oleaginosas da Cofco International no Brasil, Valmir Schaffer, em uma entrevista na noite de segunda-feira.

 

“Mas (a empresa) vai fazer investimentos de forma consequente, de olho no retorno do investimento, e não simplesmente sair comprando mundos e fundos”, ponderou Schaffer. Ele não especificou a quantia que a trader planeja investir no país.

 

Em apenas alguns anos, a Cofco avançou para uma posição no Brasil que rivais mais tradicionais, como Cargill, Bunge e Archer Daniels Midland, levaram décadas para construir. A empresa chinesa já é uma das maiores exportadoras de grãos do Brasil e também possui posições significativas em açúcar, etanol, algodão, biodiesel e café.

 

A maior fatia do avanço ocorreu com as aquisições de Noble e Nidera, que fizeram parte de um montante de 4 bilhões de dólares utilizado pela Cofco nos últimos anos para expandir para além da China e garantir um alcance global, seguindo uma nova estratégia elaborada pelo comando chinês.

 

A companhia usou muita “expertise” brasileira nesse caminho. Três dos cinco membros do comitê executivo da Cofco International são brasileiros.

 

Schaffer afirmou que o rápido crescimento da empresa no Brasil chamou atenção, considerando especialmente a situação financeira difícil enfrentada por várias companhias após uma profunda recessão no país.

 

“A gente recebe uma profusão muito grande de indicações de potenciais ‘deals’ no mercado e de ofertas de ativos”, disse ele. “Mas, de novo, (a empresa) é muito cautelosa ao investir, e só o faz após avaliar todas as possibilidades de qualquer tipo de investimento antes de mover a próxima peça.”

 

A operadora está envolvida em discussões a respeito de um possível projeto ferroviário, batizado de Ferrogrão, que ligaria Mato Grosso aos portos do Norte do Brasil, mas disse que ainda não há conclusão quanto ao tema.

 

Schaffer afirmou que o Brasil ainda possui um grande espaço para expansão agrícola, e que é o local onde as coisas continuarão a acontecer no futuro da produção alimentícia.

 

Fonte: Notícias Agrícolas