Importação de etanol dos Estados Unidos ameaça produção brasileira
Em menos de uma década, o uso do milho para a produção de etanol no Brasil deixou de ser uma aposta cercada de dúvidas para se tornar uma realidade pujante. Já são 16 usinas em funcionamento no país.
Mas a onda de crescimento do setor pode estar ameaçada, segundo análise da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), que se preocupa com as negociações sobre a importação do biocombustível que é produzido nos Estados Unidos. “O governo americano pressiona o país para um livre comércio. Não seria justo, uma vez que o Brasil tem um programa de adição em sua matriz fóssil de 27% de etanol na gasolina para incentivar a indústria nacional, a geração de emprego e renda, de impostos. A gente teria que concorrer com o etanol subsidiado, com etanol barato, que pode encharcar o mercado e desestimular o investimento e a indústria nacional”, falou Guilherme Nolasco, presidente da Unem.
A tensão com o futuro desta relação comercial ocorre no momento em que mais uma indústria é inaugurada no Brasil. A unidade fica em Nova Mutum, médio-norte de Mato Grosso, e deve produzir, inicialmente, 320 milhões de litros etanol hidratado por ano, mas há previsão de ampliar essa capacidade no curto prazo. Da fábrica também vão sair óleo de milho e DDG, farelo rico em proteína usado na alimentação animal. Para abastecer a usina, milho plantado e colhido na região, o que já causa impacto positivo na demanda local.
Essa é segunda usina inaugurada neste ano em Mato Grosso. Em março, uma outra planta entrou em atividade em Sorriso e, até o fim do ano, os números devem aumentar. “O etanol de milho vem crescendo nos últimos anos a sua participação no mercado. Já são 16 usinas em operação, grande parte em Mato Grosso e Goiás, sendo que este ano safra deveremos produzir em torno de 2,6 bilhões de litros de etanol a partir do milho. Até o fim de 2020, temos outros dois grandes empreendimentos a serem inaugurados, crescendo a capacidade de produção, capacidade instalada do setor de etanol de milho, em mais de 1 bilhão de litros de etanol neste ano-safra 2020/21”, disse Nolasco.
Segundo o presidente da Unem, para que o cenário de prosperidade siga fortalecido, o setor precisa de sensibilidade do governo federal. “Já manifestamos isso à ministra Tereza Cristina, que foi solidária à defesa dos interesses da nossa matriz energética limpa, da produção de etanol de milho nacional, e esperamos que a gente possa conviver com o mesmo cenário, ou seja, possa manter o mercado do jeito que está. Não podemos deixar que o governo atrapalhe o que tem sido bom, o que tem crescido, o que tem dado certo nestes últimos dias de notícias tão ruins para a economia. O etanol de milho é uma história boa a ser contada”, finalizou.
Fonte: Canal Rural