Imagem: Ivan Bueno/APA

 

As exportações brasileiras de grãos devem crescer 40% nos próximos dez anos, segundo o estudo “Projeções do Agronegócio, Brasil 2018/19 a 2028/29”, elaborado pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e pela Embrapa. A expectativa é que, daqui uma década, o país embarque 138 milhões de toneladas ao ano.

 

Para o milho, a produção nacional em 2018/19 é estimada em 95,3 milhões de toneladas. Deste total, 69,2 milhões correspondem ao milho de 2ª safra e 26,1 milhões ao milho de 1ª safra. Para 2028/29, a produção projetada é de 114,5 milhões de toneladas. Mas seu limite superior pode chegar a 140,1 milhões de toneladas. Técnicos da Conab (2019) acreditam que a estimativa no limite superior seja a mais provável.

 

A área plantada de milho deve ter um acréscimo de 7,2% entre 2018/19 e 2028/29, passando de 17,2 milhões de hectares em 2018/19 para 18,5 milhões no final do período das projeções. No limite superior, a área pode chegar a 24,1 milhões de hectares nos próximos dez anos. Não haverá necessidade de novas áreas para expansão dessa atividade, pois as áreas de soja liberam a maior parte das áreas requeridas pelo milho.

 

Houve nos últimos 10 anos uma mudança impressionante em relação à área de milho. A área total cresceu 33,2%, mas esse aumento pode ser decomposto em redução de 35,5% da área do milho 1ª safra e aumento de 134,0% na área do milho 2ª Safra. Este passou a ser claramente o mais importante.

 

O consumo interno de milho que em 2018/19 representa 65,6% da produção deve permanecer num percentual próximo desse no próximo decênio. Isso deve exigir na composição de rações para animais maior proporção de outros produtos, como a soja. As exportações devem passar de 31,0 milhões de toneladas em 2019 para 41,4 milhões de toneladas em 2028/29, podendo chegar a 60,7 milhões de toneladas.

 

Para manter o consumo interno projetado de 74,8 milhões de toneladas e garantir um volume razoável de estoques finais e o nível de exportações projetado, a produção projetada deverá situar-se entre 114,5 e 140,0 milhões de toneladas em 2028/29. Segundo técnicos que trabalham com essa cultura a área deve aumentar mais do que está sendo projetado e talvez se aproximar mais do seu limite superior que é de 24,1 milhões de hectares. Há que considerar que as projeções indicam produtividade crescente nos próximos anos, especialmente do milho de 2ª safra.

 

No caso da soja, a produção em 2018/19 está estimada em 114,3 milhões de toneladas. A produção é liderada pelos estados de Mato Grosso, com 28,1% da produção nacional; Paraná com, 14,2%; Rio Grande do Sul com 16,8%; Goiás, 9,9%; Mato Grosso do Sul, 7,4%.

 

Entretanto, a produção de soja está migrando também para novas áreas no Maranhão, Tocantins, Pará, Rondônia, Piauí e Bahia, que em 2018/19 respondem por 14,0% da produção brasileira. Esses estados respondem por uma produção de 16,0 milhões de toneladas (Conab, 2019).

 

Os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, fazem parte de uma região localizada no Centro-Nordeste, e que vem apresentando acentuado potencial de produção de grãos, denominada Matopiba, por estar situada nos 4 estados mencionados. Apesar de suas deficiências de infraestrutura, os preços de terras são atrativos, o clima corresponde ao do Cerrado e o relevo é favorável.

 

A projeção de soja em grão para 2028/29 é de 151,9 milhões de toneladas. Esse número representa um acréscimo de 32,9% em relação à produção de 2018/19. Mas é um percentual que se situa abaixo do crescimento ocorrido nos últimos 10 anos no Brasil, que foi de 67,0% Projeções do Agronegócio – Brasil 2018/19 a 2028/2029 Projeções do Agronegócio – Brasil 2018/19 a 2028/2029 40 (Conab, 2019). A projeção de produção da FIESP (2019) para 2028, é de 162,3 milhões de toneladas.

 

O consumo doméstico de soja em grão deverá atingir 53,9 milhões de toneladas no final da projeção, mas que pode chegar a 62,0 milhões de toneladas em 2028/29. O consumo projeta-se aumentar 22,6% até 2028/29. Deve crescer nos próximos anos pouco acima do consumo de milho, que está projetado em 19,7% entre 2019 e 2029, ambos produtos essenciais na preparação de rações.

 

A área de soja deve aumentar 9,5 milhões de hectares nos próximos 10 anos, chegando em 2029 a 45,3 milhões de hectares. É a lavoura que mais deve expandir a área na próxima década, seguida pela cana-de-açúcar com cerca de 1,6 milhão de hectares adicionais. Representa um acréscimo de 26,6% sobre a área que temos com soja em 2018/19.

 

A produtividade da soja é considerada pela Abiove como grande desafio nos próximos anos. Essa preocupação é evidenciada pelo fato de que as projeções da produtividade mostram uma relativa estagnação, cuja média nacional fica em torno de 3,0 toneladas por hectare. Está projetada para atingir entre 3,2 e 3,7 toneladas por hectare no próximo decênio.

 

As exportações de soja em grão do país, projetadas para 2028/29 são de 96,4 milhões de toneladas. Representam um aumento próximo a 28,4 milhões de toneladas em relação a quantidade exportada pelo Brasil em 2018/19.

 

A variação prevista em 2028/29 relativamente a 2018/19 é de um aumento na quantidade exportada de soja grão da ordem de 41,8%. As projeções de exportação são próximas às do USDA, divulgadas em fevereiro de 2019. Eles projetam 96,1 milhões toneladas para soja em grão, no final da próxima década, número quase idêntico ao obtido neste relatório.

 

Fonte: MAPA