Falências agrícolas nos EUA sobem forte e registram maior nível desde 2011
Longa duração da guerra comercial e problemas climáticos já fazem 40% da renda vir de subsídios
Começa um novo mês em 2019 e novembro chega ainda sem acordo entre China e Estados Unidos. A guerra comercial já tem duração de quase dois anos e continua promovendo severos efeitos negativos sobre a economia norte-americana, com o agronegócio no centro dos impactos, embora o setor não carregue as discussões mais ferrenhas entre as duas maiores economias do mundo.
O mercado dos EUA está praticamente fechado à nação asiática, mesmo com algumas compras pela China sendo feitas nos EUA, à conta-gotas. Na última sexta-feira (1), por exemplo, o USDA (Departameto de Agricultura dos Estados Unidos) informou uma venda de 132 mil toneladas de soja à China. O mercado da oleaginosa na Bolsa de Chicago não esboçou qualquer reação expressiva e ainda espera por confirmações de volumes maiores e mais consistentes de compras.
“Só uma notícia de compra nova e em grande volume de soja americana pela China para agitar os ânimos”, diz o consultor da AgroCulte e da Cerealpar, Steve Cachia. Mas, ainda segundo o executivo, “com o cancelamento da reunião da APEC no Chile entre Trump e Xi, os traders estão pessimistas em relação a um acordo definitivo antes do final do ano”, completa.
E enquanto não se acertam Donald Trump e Xi Jinping, um levantamento feito pela agência de notícias Bloomberg aponta que as falências agrícolas nos EUA registraram seu mais elevado índice desde 2011, com um crescimento de 24%. E a situação se agrava a cada dia em que a disputa segue sem solução.
De acordo com o American Farm Bureau Federation, diante dessa situação, a dependência dos produtores rurais norte-americanos é cada vez maior pelos programas de subsídios e de garantia de renda do governo norte-americano.
Um relatório feito pela federação, que é a maior instituição agrícola dos Estados Unidos, mostra ainda que “quase 40% do lucro agrícola projetado este ano virão de ajuda comercial, assistência a desastres, subsídios federais e pagamentos de seguros, com base nas previsões do Departamento de Agricultura”, noticiou a Bloomberg. Isso significa US$ 33 bilhões de uma receita projetada de US$ 88 bilhões.
No último ano comercial, 12 meses encerrados em setembro de 2019, os pedidos de falência subiram para 580. O mais alto número antes desse é o de 2011, quando foram feitos 676 pedidos. Ainda assim, apesar desta alta, os dados ainda estão distantes dos registrados nos anos 1980, quando o setor sofreu uma de suas piores crises da história.
Do total dos 580 pedidos, 40% deles, ou 255 registros foram feitos na região dos 13 estados do Meio-Oeste americano, onde está concentrada a produção agropecuária norte-americana, concetradas propriedades rurais de grãos, suínos e laticínios.
Além dos problemas causados pela guerra comercial, os agricultores norte-americanos ainda amargaram diversos e sérios problemas climáticos nesta temporada, que já foram iniciados no pré-plantio da safra 2019/20. Enchentes chegaram a destruir silos e inutilizar toneladas e toneladas de soja e milho no Corn Belt. Depois, adversidades se seguiram pelo plantio, desenvolvimento das lavouras e agora na colheita.
SAFRA 2020/21
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou seu relatório conhecido como baseline e estima uma área de maior tanto de soja, quanto de milho para a safra 2020/21 no país, apesar de todos estes problemas. E da guerra comercial ainda não resolvida.
O boletim trouxe a área de milho estimada em 38,24 milhões de hectares, contra 36,38 milhões da temporada 2019/20. Para a soja, a área deverá crescer de 30,96 para 33,99 milhões hectares.
A safra de milho norte-americana foi projetada em 394,86 milhões e a de soja em 106,96 milhões de toneladas. A média de preços esperada pelo USDA é de US$ 3,40 ao produtor pelo cereal e de US$ 8,85 para a oleaginosa.
Fonte: Notícias Agrícolas