Custos da próxima safra serão inevitavelmente mais altos no BR e exigem eficiente capacidade de gestão
A recente disparada do dólar trouxe inúmeras oportunidades para os produtores brasileiros com exportações que registraram, para a soja, por exemplo, preços historicamente altos, com indicativos acima dos R$ 100,00 por saca. No milho, levaram as cotações a superarem os R$ 60,00 e no café, os R$ 600,00 por saca, entre outros bons resultados para outros mercados nacionais.
Todavia, a desvalorização do real deverá encarecer de forma considerável os custos de produção para a próxima temporada brasileira e o movimento traz um grande alerta aos produtores. Em contrapartida, já é possível registrar vendas antecipadas de soja e milho da safra 2020/21 em níveis recordes, bem acima dos anos anteriores frente aos bons patamares de preços para ambos os cultivos. Nesta segunda-feira, a divisa chegou a se distanciar ligeiramente dos R$ 5,30, mas se ajustou para fechar o dia próximo a esse patamar novamente. No acumulado de 2020, o ganho passa de 30%.
A ANDAV (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários), porém, afirma que não registrou ainda mudanças na demanda por insumo por partes dos produtores. “As maiores demandas acontecem no Brasil entre maio e outubro, mas até o momento o mercado ainda não sinaliza problemas, uma vez que, o dólar nos patamares que está favoreceu os preços para exportação”, disse o presidente executivo da instituição, Paulo Tiburcio.
Mais do que isso, Tiburcio afirma ainda que os produtores brasileiros seguem “na expectativa de que os preços das culturas produzidas – soja, algodão, milho – se mantenham em alta”.
Entretanto, esses custos mais elevados exercerão um efeito menos agressivo nos cultivos que são largamente exportados, como soja, milho, café ou algodão. A conta não é a mesma, no entanto, para setores mais sensíveis, como o de hortifrutis, por exemplo.
Outro questionamento entre os produtores está relacionado a possibilidade de uma limitação da oferta dos produtos vindos da China, depois dos problemas enfrentados pelo país causados pela epidemia de coronvírus.
“Nada no nosso mercado nos indica limitação de ofertas. No momento, o mercado está abastecido, bem como a produção na China não sinaliza nenhuma interrupção. Caso tenhamos alguma preocupação, esta pode acontecer em questões logísticas, como por exemplo morosidade ou fechamento de algum canal de exportação ou restrições de transporte entre países”, explica o presidente executivo da ANDAV.
Ao passo em que o dólar subia, os preços do petróleo enfrentam uma severa crise e, nos últimos dias, marcaram suas mínimas em quase duas décadas. E para entender de que forma isso pesará sobre os preços dos agroquímicos. “Diante das últimas notícias, mercado mundial de petróleo que já busca reação, precisamos aguardar, pelo menos, mais um mês para qualquer previsão”, explica Tiburcio.
Fonte: Notícias Agrícolas