Maior estado produtor de soja do Brasil, Mato Grosso continua contabilizando um atraso considerável da colheita da soja 2020/21. Apenas 2,23% da área já foi colhida, 12,19 pontos percentuais abaixo da safra anterior e 9,47 se comparado à média dos últimos cinco anos, de acordo com os dados apresentados pelo boletim semanal do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária).

 

“Esse cenário é reflexo do atraso no plantio da oleaginosa, por causa da estiagem que perdurou entre os meses de setembro e novembro, fazendo com que algumas áreas necessitassem de replantio”, explicam os especialistas do instituto.

 

O oeste de Mato Grosso é a região com a colheita mais adianta, com 5,30%, seguida pelo norte, com 3,81%. Já o nordeste do estado é onde os trabalhos de campo estão menos adiantados, “uma vez que as chuvas nesta última semana foram abundantes e interferiram nos trabalhos a campo”, informa o Imea.

 

O reporte traz ainda expectativas de que as áreas onde a colheita já está caminhando são de pivô e que, em fevereiro, o processo deve se intensificar e ganhar mais ritmo.

 

CLIMA

Nas últimas 24 horas, de acordo com informações do Commodity Weather Group, 30% das áreas de milho verão e soja do Brasil receberam chuvas que variaram entre 12,8 e 70,4 mm, com volumes consideráveis sendo registrados no nordeste de Mato Grosso, boa parte do Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul.

 

E as previsões para os próximos cinco dias indicam que a cobertura das chuvas será ainda mais abrangente – entre 55% e 60% das regiões produtoras – com a possibilidade de que as precipitações, pontualmente, possam alcançar até 128 mm.

 

“Um padrão de tempo muito mais úmido começa hoje a noite e se estende até quinta-feira (28) do Sul do Paraguai ao Sul do Brasil nas áreas de soja e milho, com algumas regiões podendo sofrer com o excesso de chuvas nos próximos 10 dias”, diz o CWG.

 

Em contrapartida, as regiões produtoras mais a nordeste do Brasil ainda sofrem com as chuvas apenas pontuais, volumes limitadados e o stress hídrico, ainda de acordo com o instituto internacional de meteorologia, podendo se intensificar, principalmente entre 31 de janeiro e 4 de fevereiro, como mostram os mapas acima. Pontos do Centro-Oeste também sofrer com o tempo seco.

 

COLHEITA X NOVOS NEGÓCIOS

Os novos negócios no mercado brasileiro de soja caminham tão lentos quanto a colheita. Com mais de 60% da nova safra já comprometida, os sojicultores optam pelo foco mais direcionado nos trabalhos de campo e na entrega da soja já vendida, devendo voltar ao mercado somente mais a frente.

 

Assim, “com o início da colheita da nova safra em Mato Grosso e o baixo volume de negociações, o Indicador Imea-MT encerrou a semana com queda de 2,06%, cotado a R$ 149,36 por saca”, informa o Imea.

 

O estado já tem quase 70% de sua produção comercializada. “Os produtores ainda estão apreensivos quanto ao desfecho da safra, pois, apesar de as chuvas terem melhorado de dezembro para cá, a maior parte das lavouras se encontra em enchimento de grão, ou seja, sensível às variações climáticas”, explicam os especialistas.

Fonte: Notícias Agrícolas