China deve se tornar grande importadora de milho nos próximos anos
A China deve se tornar grande compradora de milho no mercado internacional nos próximos anos, destacou a analista sênior de grãos da IHS Markit, Anamaria Gaudencio Martins. “É importante reforçar que a demanda por milho na China está maior do que a produção, com isso, os estoques do grão no país estão caindo ano a ano. A nação asiática terá que comprar milho para abastecer seus estoques, é uma tendência para os próximos cinco anos, que irá mudar a dinâmica do mercado de cereal”, afirmou a analista.
De acordo com a última projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a China deve adquirir 7 milhões de toneladas de milho na temporada 2020/2021. Para o analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Thomé Guth, esse é um cenário, que se confirmado, poderá beneficiar não só as exportações brasileiras do cereal, mas também o mercado do subproduto DDG (que significa grãos secos por destilação, na sigla em inglês).
Do lado da oferta, o destaque foi o desenvolvimento da produção de milho norte-americana na temporada 2020/2021. Ainda durante o evento, comandado pelo vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, a analista da IHS Markit ressaltou que o mês de julho será determinante na definição de produtividade das lavouras do cereal no Corn Belt.
“Muita coisa ainda pode acontecer. Nesta semana, o USDA reduziu para 71% o índice de lavouras de milho em boas ou excelentes condições, e ainda temos a previsão de clima quente e seco. Por isso, vimos uma reação nos preços futuros na Bolsa de Chicago (CBOT); ainda assim a previsão é de uma boa safra por enquanto”, diz Anamaria.
Em junho, o USDA projetou a safra de milho norte-americana em 406,29 milhões de toneladas. Porém, na ultima semana, a área plantada com o cereal no país foi revisada para baixo, para 37,23 milhões de hectares, queda de 3% em relação à temporada passada. Consequentemente, a perspectiva é que esse número seja revisto e fique próximo de 385 milhões de toneladas, no próximo boletim de oferta e demanda do departamento americano, que será divulgado nesta sexta-feira, 10.
“Apesar dessa grande safra norte-americana, não acreditamos em uma queda expressiva nos preços no Brasil no segundo semestre. Isso porque temos a questão cambial, que ainda está favorável aos preços nacionais, a demanda interna é alta, não só para o setor de proteína animal, mas para o etanol também, que deve consumir entre 6 a 7 milhões de toneladas de milho”, ponderou o analista de mercado da Conab.
E os produtores brasileiros aproveitaram a alta do dólar para negociar antecipadamente a segunda safra de milho. De acordo com levantamento da StoneX, cerca de 70% da segunda safra já foi comercializada e, em torno, de 25% a 27% da safrinha de 2021 também foi vendida.
“A liquidez no mercado de milho está se aproximando a registrada no mercado da soja. O produtor está investindo cada vez mais na cultura do milho. E com o dólar alto, mesmo com o mercado interno com condições de safra boa, com exceção de algumas regiões do Paraná e Mato Grosso do Sul, mesmo assim o produtor aproveitou os níveis de preços e quase todos os estados venderam antecipadamente”, explicou Étore Baroni, analista de mercado da StoneX.
Ainda no evento, o uso de tecnologias também foi tema abordado pelo presidente-executivo da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, que reforçou a importância da tecnologia Bt no ganho de produtividade da cultura do milho. “Ainda temos espaço para crescer mais. As indústrias estão desenvolvendo novas variedades, mas o nosso grande desafio ainda tem sido o refúgio, para dobrar o tempo de resistência das tecnologias”, disse.
A realização do evento Diálogos no Campo é da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) e Canal Rural, com apoio institucional da CropLife Brasil.
Fonte: Canal Rural