Caruru-roxo resistente a glifosato na região Sul causa alerta no campo
A ocorrência de Amaranthus hybridus, popularmente conhecido como caruru-roxo, vem chamando atenção de engenheiros agrônomos e produtores rurais na região Sul do país. No Rio Grande do Sul, onde a soja deve ser colhida entre abril e maio, há relatos de um aumento significativo da planta daninha desde a última safra. Inicialmente, era só na região de Pelotas, no sul gaúcho, mas agora já há relatos da presença dela também em Passo Fundo, no norte do estado.
De porte igual ou superior ao da soja, com folhas largas e grande número de sementes, a planta se espalha rapidamente e concorre com a cultura pelos mesmos nutrientes. Em países como a Argentina e o Uruguai, a falta de controle já causou perdas totais nas lavouras.
“Acredita-se que o caruru-roxo tenha entrado no Rio Grande do Sul pela Argentina ou pelo Uruguai. O sistema de produção desses países é muito semelhante ao gaúcho, com propriedades de pequeno porte, terras arrendadas e maquinário muitas vezes compartilhado. Isso dificulta o controle e facilita a multiplicação”, afirma a doutora em fitossanidade Claudia Oliveira, pesquisadora da área de resistência da Syngenta.
Controle
De acordo com Claudia Oliveira, os produtores rurais terão de se habituar a utilizar um herbicida pré-emergente antes do plantio da safra. É a melhor maneira, segundo ela, de iniciar o ciclo com segurança, evitando o surgimento da planta daninha. Para isso, o mercado disponibiliza produtos eficazes, com excelentes resultados tanto para a cultura da soja quanto para o milho.
“É muito importante uma dessecação bem feita, com aplicação de pré-emergente efetivo. Isso vai garantir plantar no campo limpo e também uma janela maior para se fazer aplicação dentro da lavoura, uma vez que o pós-emergente também é fundamental. Temos exemplos bem sucedidos de controle do caruru em países como Estados Unidos e Argentina”, relata a doutora em fitossanidade.
Produtores que não aplicaram o herbicida pré-emergente no início da safra precisam monitorar a lavoura. O objetivo é evitar a reprodução de sementes. No inverno o controle fica mais fácil, mesmo assim, as baixas temperaturas não são suficientes para eliminar as plantas daninhas e a tendência é de que elas continuem emergindo. É necessário estar atento e com os olhos voltados já para a próxima safra.
Mesmo que as ocorrências, por enquanto, estejam centralizadas na região Sul, o Centro-Oeste precisa estar atento. O trânsito de maquinários é intenso da região Sul com destino aos estados produtores do Cerrado. “Assim como possivelmente essas sementes tenham vindo da Argentina ou Uruguai para o Rio Grande do Sul, nada impede que ocorra o mesmo fenômeno em direção ao Centro-Oeste”, afirma a agrônoma.
Fonte: Canal Rural