A Fundação Procafé divulgou seu relatório mensal sobre o comportamento do mercado em outubro. Como fatores de sustentação aos preços, a companhia indica que os players e analistas do mercado ainda não perceberam o atual e caótico cenário das lavouras de café arábica no Brasil, que terá como reflexo uma safra 2021 inferior à que já se aguarda em função da bienalidade da cultura.

 

A entidade indicou que o café bebida dura para melhor, tipo 6/7, em outubro oscilou entre R$ 520,00 a R$ 560,00 a saca de 60 quilos, terminando outubro em R$ 530,00 a saca. Já o conilon tipo 7 variou de R$ 380,00 a R$ 410,00 a saca, terminando o mês em R$ 410,00.

 

O relatório indica que ainda há de se atentar para as condições climáticas de novembro em diante. Nos últimos dias, previsões de boas chuvas puderam ser observadas. No entanto, lamentavelmente, não se concretizaram. ”Para novembro, iniciamos o mês com previsão de um bom volume de chuva para importantes regiões cafeeiras, todavia, caso as previsões não se concretizem, as cotações podem começar a sobrepor fatores que vêm pressionando as cotações do arábica na ICE Futures US (Bolsa de Nova Iorque)”, indicou.

 

Se por um lado a alta do dólar pressionou as cotações nas principais Bolsas de café do mundo, por outro deu certa sustentação ao mercado físico, haja vista o fato de que a valorização da moeda norte americana torna os preços de exportação mais atraentes, comentou o Procafé.

 

Na ICE Futures Europe, de meados de outubro em diante, o excesso de chuvas na principal origem de cafés robustas, o Vietnã, com consequente atraso dos embarques e queda de qualidade conduziram o mercado à recuperação de suas cotações, observou o Procafé. “Vejamos se, em algum momento, este cenário para o Robusta, impactará nas cotações do Arábica”, comenta.

 

Fatores de pressão ao mercado

Segundo o Procafé, apesar da situação extremamente crítica das lavouras de café no Brasil, previsões de chuva seguem pressionando as cotações de café. Infelizmente, há de se concordar com o que consta no Boletim semanal de n 43 do Escritório Carvalhaes, relatou: “Muitos não conhecem produção de café e imaginam que as chuvas resolvem tudo”.

 

A valorização do dólar é outro fator que acabou pressionando as cotações nas Bolsas de café, pois, tornam as cotações mais atraentes para os comitentes-vendedores uma vez que o café nas principais Bolsas de café do mundo é cotado em dólar. Associado a este fato, há de se ressaltar que, da mesma forma, a alta da moeda norte americana ocasiona um estímulo às exportações nas origens, o que também pressiona as cotações, avaliou o relatório.

 

“E, por se falar em exportação, a questão logística segue sendo um entrave. Em função da alta valorização do dólar, que, de um modo geral, reduz o volume de importações com consequente redução da entrada de containers no país, exportadores vêm enfrentando dificuldades para conseguir containers”, relatou. Apesar disso, comenta, dados do Cecafe (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) apontam que o escoamento do café brasileiro para o exterior segue intenso, dando ao mercado um tom de total despreocupação com relação à oferta do produto. “Contudo, esta percepção não deve se estender por muito tempo, enfim, algo de curto prazo”, acredita a Procafé.

 

Ainda como aspecto baixista, relata a Procafé, início da colheita com respectiva oferta de outras consideráveis origens complementam o sentimento positivo em relação ao abastecimento no curto prazo. Além disso, outros fatores completaram o negativismo do mercado: a aversão ao risco por parte dos players do mercado frente a preocupação com a segunda onda de Covid- 19 e suas consequências econômicas a nível mundial, a insegurança ocasionada pela eleição dos Estados Unidos e a preocupação com a questão fiscal no Brasil.

Fonte: Canal Rural