Atraso do plantio no Brasil estende demanda chinesa pela soja dos EUA
A demanda da China pela soja dos Estados Unidos e a percepção de que o país asiático terá de recorrer por mais tempo ao produto norte-americano após os atrasos no plantio no Brasil têm dado sustentação aos preços futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago (CBOT).
O contrato mais líquido, para janeiro, voltou a subir nesta quarta-feira (21) e acumula ganhos de mais de 4% em um mês. Analistas não descartam correções no curto prazo, mas avaliam que, em um cenário de estoque limitado nos EUA, quaisquer novas ameaças climáticas à safra sul-americana ao longo do período de plantio e desenvolvimento abrem espaço para altas adicionais dos futuros em Chicago e dos prêmios pagos pela safra 2020/21 do país.
Segundo a analista Daniele Siqueira, da AgRural, a China comprou em 2020 grandes volumes de soja do Brasil para suprir as suas necessidades e recorreu aos Estados Unidos principalmente para entrega no último trimestre, aproveitando a fase 1 do acordo comercial entre as duas nações.
“O normal seria, depois que passar esse período, entrando a safra do Brasil, os chineses se voltarem para os embarques do País, porque é a nossa janela de exportação e eles já compraram volumes aqui para a safra 2020/21. O problema é que, com atraso no plantio da soja no Brasil, fica a dúvida de quanto o Brasil vai conseguir exportar em janeiro”, diz a analista.
Daniele lembra que normalmente os embarques de janeiro são compostos pelo que sobra da safra anterior e pelos primeiros lotes formados da nova temporada.
“Em 2021 não vai ter soja da safra anterior, porque praticamente acabou a soja do Brasil. Compradores oferecem preço cada vez mais alto e não conseguem originar o grão. Ou seja, não tem estoque de passagem, e a soja vai demorar para chegar em janeiro.”
Conforme a analista, mesmo que produtores brasileiros consigam plantar a todo vapor daqui para frente, se as previsões de regularização das chuvas se confirmarem, o atraso inicial reduz o volume que deve ser escoado nos primeiros meses de 2021.
“O que se espera com isso é que a China continue comprando nos EUA para embarque até fevereiro, caso contrário ela pode ficar descoberta, sem soja no começo do ano”, diz Daniele.
Fonte: Canal Rural